margaridas

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SER VERTICAL

Ser antes de tudo

o que se quer.

Não parecer o que se não é.

Ser afinal cada qual

quem é.

Ser sempre o que se deve ser.

Vertical.

Inteiro.

De pé.

Maria Emília Costa Moreira

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

SEIXO


Sei dum mar
de alegria onde a vida
é enfeitada
de cor e movimento.
Sei de conchas pintadas
a preceito
e de anémonas vistosas
nos seus vestidos
cor-de-rosa.
Sei dum seixo
minúsculo que encontrei
num rochedo.
Sei da beleza infinda
do seu olhar indefeso.
Sei que o trouxe
comigo
e guardo-o em segredo.

(técnica mista s/cartão)


Rio da Fonte, 30 de Agosto de 2005

Maria Emília Costa Moreira

sábado, 13 de novembro de 2010

MONSTERA


Enormes, as folhas recortadas
dançam no meu pátio.
As raízes descem do caule
e caminham sobre o chão.
E deu flores como punhos brancos
a costela de adão.
Da flor veio o fruto maravilha.
É soberbo na forma,
com textura em grãos hexagonais
e ao seu sabor não há quem resista.
Folhas, flores e frutos
esta trilogia tem tal sedução
que é digna de pincel de artista.



Rio da Fonte, 29 de Agosto de 2005
(óleo s/ tela)

Maria Emília Costa Moreira

As Mãos


Como se espalha o pó do tempo
sobre as mãos que estendo
para colher a rosa do jardim.


Já não são esguios os meus dedos
e a pele pontilhada de sinais
perde o viço perfumado do jasmim.


As mãos cansadas ergo, e moldo-as no rosto.
As articulações tão redondas e doloridas
causam-me apreensão e desgosto.


Vivo a certeza plena que o relógio do tempo não pára,
segue imperturbável rumo ao fim,
num tic-tac de raiva e de silêncio.
(água de café s/papel)

As minhas mãos aperto e grito sufocada,
por um rio de lágrimas a correr dentro de mim.



Leça da Palmeira, 8 de Fevereiro de 2004

Maria Emília Costa Moreira