margaridas

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SER VERTICAL

Ser antes de tudo

o que se quer.

Não parecer o que se não é.

Ser afinal cada qual

quem é.

Ser sempre o que se deve ser.

Vertical.

Inteiro.

De pé.

Maria Emília Costa Moreira

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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

JARDINS COLORIDOS

Esta foto não é da Holanda. Ainda existem municípios em Portugal que gostam de preservar o seu património, incluindo os jardins. Vila do Conde é um exemplo que poderia ser seguido por outras cidades que estão a perder toda a graça e beleza. Basta comparar com a Avenida dos Aliados!!!

A MINHA MAGNÓLIA

Março está aí! Parece que vem de novo o frio. A magnólia está a abrir-se toda, mas com a geada lá se vai a flor! Nem chega ao seu máximo esplendor. Tirei a foto hoje, pois amanhã pode ser tarde...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

INFERNO

Viver num planeta em convulsão
é tremendo desafio,
é risco em cada segundo
no meio da multidão.
É necessário espreitar todas as flores
donde furam balas,
cada grão de areia
onde nascem granadas,
escutar os murmúrios das fontes
e dos rios sangrentos
de tanto lutar
com os maus espíritos
das encruzilhadas,
nas noites de luar.
Viver na face terrestre
é labuta terrível
sem descanso, sem tréguas,
numa agitação de homens
com ideias vis,
e em lutas infindáveis
pelo poder de grupos
contrários e hostis.

Leça da Palmeira, 10 de Outubro de 2003

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

DE QUE SÃO FEITAS AS PALAVRAS

Palavras…
folhas ao vento
voando
pelas esquinas
e nos socalcos
do tempo

Palavras…
ditas sentidas
misto de dor
e alegria
corpo redondo
e sonoro
floresta
de poesia

Palavras…
leque de flores
suco ardente
saindo
pelas gargantas
puros sabores
guturais

Palavras…
feitas poemas
símbolos
universais

Rio da Fonte, 13 de Março de 2005

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

NÁUFRAGO

Obliquamente erguido entre troncos
enlaçados, horizontais,
sem leme nem vela.

Pendido o rosto, os membros
sem vontade,
já não batalham mais.

Vítreo o olhar
Perscrutando o leito marinho.

A ave divide o espaço, lenta e indiferente.

Abrem-se os nós,
desfazem-se os laços,
e os troncos devagarinho
perdem-se no Mar dos Sargaços.

Rio da Fonte,1/10/1976

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

APENAS SONHO


Há tanto amor
tanta ternura
guardados no meu navio
que continua ancorado
num porto dum país frio.

Há tanto tempo
eu espero que chegues
carregado de bagagem
para partirmos os dois
pelo mar alto... em viagem

Rio da Fonte,15 /5/1990

MUNDO ADVERSO

Uivam os ventos nos desfiladeiros.
Gemem as águas em tropel pelas fragas.
As ondas rugem espumando raiva.
Caem bombas e corpos aos milhões nas estradas.
E há gritos aflitos e corações cheios de mágoa.
De repente tudo emudeceu.
No castelo de poesia
O poeta assiste
De semblante carregado e triste
Ao cortejo fúnebre
Deste mundo adverso
Que é o seu.

Rio da Fonte, 9 de Janeiro de 2005

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

NARCISOS



Há três semanas o meu quintal estava todo pintalgado de amarelo. Os narcisos estavam no seu máximo fulgor. Hoje, quando os vi, todos derrubados, partidos, melados... uma tristeza!!!

FAROL NA FOZ







O mar estava um espectáculo! Era um enorme cavalo à solta e, cada onda provocava um levantamento de espuma pelo molhe adiante. Só visto!!!

MAU TEMPO


Uma das "jóias da coroa" de Leça a ser fustigada pelo vento e pelo mar. Até quando resistirá? Água mole...

MAR BRAVO



É fantástico ver o mar levantar estas cortinas de espuma. Esta foto foi tirada em Vila do Conde, num domingo de sol.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CÉU E MAR EM FÚRIA


O vento era forte e o mar atirava-se sobre as rochas desfazendo-se em espuma.
É tão belo e ao mesmo tempo tão perigoso!

MAR BRAVO E CÉU CARREGADO


Estas fotos do mar de Leça foram tiradas ontem.
Hoje não me atrevi a sair. Acho que hoje ele estaria bem mais bravo.

TEMPORAL EM LEÇA


Tanta espuma
Tanto mar enrolado
Água sobre água
Num cinza esverdeado.

Tanto barco
Parecendo parado
Lá longe no seu frenético
Bailado.

Tanto sal
Tanto sol
Forte e duro
Entre grossas nuvens
Claras-escuras.

Tanta chuva atirada
À vidraça
Colando o cabelo no rosto
De quem passa.

Tanto mar
Tanta espuma ondulada
Com vento veloz
E cantante em cada rajada.

Tanta água
Pulando o molhe
Saltando a esplanada
Em largo abraço
E num beijo de areia molhada.

Tanta espuma
Tanto mar
Atapetando o chão do bar
Na praia agora fustigada
Pela intempérie brava.

Leça da Palmeira, 21/10/2002

RECUSA


Não me perguntem donde venho eu
Se da terra
Se do mar
Venho de um tempo distante
Estou cansada de esperar
Não me perguntem quem sou eu
Se barco parado em maré horizontal
Se ave ferida
Se fogo outonal
Se folha perdida
Se palavra morta em verso despida
Se animal à solta
Se tábua queimada
Se espada certeira
Se fonte
Se água
Se fruto silvestre à beira da estrada
Se rio nascendo
Além na montanha
Se flor
Se deusa
Se mortal
Se nada
Não me perguntem quem sou eu
Não me perguntem nada

Rio da Fonte, 3/1977

PARTIR


Partir…
partir sem destino
sem leme nem velas
Partir
cavalgando
a égua branca
das nuvens
por entre uma multidão
de estrelas
Partir…
partir sem rumo
em direcção
à cordilheira
e à planície
flutuando
leve e livre
à superfície
de uma profusão
de verdes ondulantes
Partir…
partir com a alma
plena de alegria
do Pólo Norte
aos mares do Sul
os cabelos cheirando
a maresia
e enfeitados
de algas e corais
Partir
impregnada de ocre
e de azul
até à medula
Partir…
partir sempre
sem chegar
jamais…



Rio da Fonte, 1 de Junho de 2001

PARA LÁ DO IR


Preocupa-me a morte
A morte lenta e negra
Asusta-me o sofrimento
O não saber que fazer
O não saber que dizer
Apavora-me a ideia
A dor a doença o final
Não saber o que está para vir
Para meu bem
Não saber o que está para lá do ir
Para meu mal


Rio da Fonte, 12-8-1987

sábado, 12 de fevereiro de 2011

DUALIDADE



Cada vez que paro
para observar quem sou
por detrás do que pareço,
- numa face – os trabalhos pintados a pastel,
as manchas a aguarela e a nanquim,
os poemas burilados na folha branca
e o ar professoral e sério.
Tudo isto tem seu o seu preço.
Existe sempre na medalha o seu reverso,
- na outra face – uma alma solitária
envolvida pelo lume que a incendeia.
Em silêncio, obstinada,
escondo sentimentos e desejos.
Assumo os meus dias duros de granito,
entro dentro de mim nas noites tristes
e sinto a dualidade extrema do meu grito.


Rio da Fonte,28 de Janeiro de 2006

SER VERTICAL


Ser ntes de tudo
o que se quer.
Não parecer o que
se não é.
Ser afinal cada qual
quem é.
Ser sempre o que
se deve ser.
Vertical.
Inteiro.
De pé.
Rio da Fonte,30 de Março 1975

ANOS OITENTA (Genève)


Tínhamos a verdura dos anos
e um amontoado de sonhos por concretizar.
No lugar do coração eram só brasas.
Saboreávamos com sofreguidão o sol a dançar sobre o lago
e os nossos pés pareciam asas.
A alegria transbordava do fundo dos nossos olhos
ao contornar, de longe, os montes esvoaçantes de verde
e ao morder o perfume de uma manhã de Verão.

De qualquer ângulo, Genève era um encantamento:
mas vista do barco era o avesso lindo de outra visão.
Tínhamos um arco-íris ao pé das mãos para agarrar,
os cabelos humedecidos pela brisa,
as bocas sequiosas de prazer
e a maciez dos lírios na pele moça
e tanto, tanto mundo para percorrer.



Rio da Fonte, 3 de Março de 2004

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

RASGOS DE LOUCURA


Tempo de mais escondi
os meus versos na gaveta.
Por vergonha,
triste e cândida.

Guardei-os como quem guarda
um tesouro,
em solidão avara.

Céus e terra conjugados
abateram-se sobre mim
em triturações violentas.

Duas mortes anunciadas…lentas…
Embaciados os olhos.
Enegrecido o coração.

Depois a minha vez.
Visitou-me um mal dilacerante
e quase sucumbi.
Afogada no sal das lágrimas
o tempo foi passando…
Por fim amanheci.

Fiz terapia na cor e na poesia
com rasgos de loucura.
Aliviada a dor e a sede de ternura,
recusei esconder-me por mais tempo
como alguém que cava em vida
a própria sepultura.



Rio da Fonte, 17 de Fevereiro de 2005

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ORQUÍDEAS



Desta qualidade de orquídeas tenho apenas um vaso. Deu um "cacho" enorne e bem bonito! Há dois anos comecei uma campanha de trocas com pessoas amigas, para conseguir qualidades diversas.

ESTUFA





Este ano espero ter muitos "cachos "de orquídeas.
Trouxe-as para a estufa da casa "nova" a ver se as protejo das lesmas e dos caracóis. Devo ter uns 60 "cachos", mais ou menos, lá para finais de Março.

FELINO

Tens duas olivinas ogivadas
e um rasgão de grafite
no olhar
e as narinas coral-róseo ao centro
bem delineadas

Tens um marfim fino
nas agulhas afiadas
e um longo dorso de alabastro
malhado

Tens um colar de madre-pérola
largo bem vincado
e umas meigas unhas aguçadas
bem a condizer

E tudo em ti é Vida
Luz Fogo Alegria

E pulas rolas saltas trepas mias
incessantemente sem esmorecer





Rio da Fonte, 3 de Janeiro de 1998


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O MEU GATO




O Janota cresceu e está levado da breca! Só quer brincadeira, pula que se farta e começa a andar atrás das gatas duma vizinha. Estamos em Fevereiro, diz-se que é o mês dos gatos.

"O JANOTA"


Presentemente tenho apenas o Janota.
Veio muito pequenito. Uma graça!

UMA NINHADA



Gosto muito de bicharada, especialmente de cães e gatos. Ora tenho tido imensos gatos,uns que me são .dados,outros que me aparecem pela porta dentro abandonados. A verdade é que também vão desaparecendo atropelados, ou por doença, enfim é a vida! Há tempos apareceu-me uma gata muito mal tratada, feia e arisca e que acabou atropelada na rua. Deixou-me este presente!!!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

VILA DO CONDE (em dia de feira)


Ufa! Que calor!
Nem rio nem mar refrescam,
procuram-se sombras e ar fresco.
Ufa! Que calor!
O Ave está quase seco.

As sirenes tocam sem cessar,
os carros saem velozes com bombeiros a suar.

Vila do Conde em dia de feira,
cheia de sol, de tendas, de turistas.
Gente aos montes,
montes de camisolas, de tecidos,
de sacos, saquinhos e sacolas,
cobertores, colchas, carpetes
e galinhas.
Roupas interiores,
bifes, tripas e chouriços,
molas, botões e rendinhas.
Filigranas em brincos e pulseiras,
a regueifa quentinha
e o doce da Teixeira.
Azeitonas e tremoços,
Louças, vidros, mobílias,
bugigangas, sapatos e botas.
E os ciganos vendendo pechinchas
inacreditáveis, sem fazer batota.

Ouve-se a música
dos vendedores de “cassetes”
por entre clamores de gelados fresquinhos.
E a mulher rodeada de filhos
que pede p’ró ceguinho.

Vila do Conde
tem ruelas estreitinhas,
cheias de sabor e cheiro de maresia.
E a igreja matriz, Santa Clara
e a beleza imensa e sinuosa
da arcaria.

Vila do Conde
tem um jardim junto à ponte
e fontes a gotejar.
Que bem sabe em tardes quentes,
ter água p’ra refrescar!

E o vento norte não sopra,
deixou-nos um Verão quente,
o Ave não leva água,
os campos não dão semente.

Vila do Conde
abafada de calor e tanta gente,
Vila do Conde
Espraiada, tem um chafariz ao centro.

Vila do Conde, 1975

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

ROSTO DO MEU ROSTO

Um rosto como tantos
Banal triste olhar ausente
Um rosto igual
A mil rostos
Moreno fechado
Que se abre
A si somente

Abre-se como a rosa
À luz da manhã
Transparente e orvalhada
De frescura sã

Abre-se à melodia
Que irrompe do fundo do ser
Uma força imensa
Que da terra brota
E ajuda a viver

Rosto do meu rosto
Doce e agreste
Como à noite o mar
Como o fruto verde
Como a flor silvestre

Rio da Fonte, 24 de Setembro de 1974