margaridas

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SER VERTICAL

Ser antes de tudo

o que se quer.

Não parecer o que se não é.

Ser afinal cada qual

quem é.

Ser sempre o que se deve ser.

Vertical.

Inteiro.

De pé.

Maria Emília Costa Moreira

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sábado, 30 de abril de 2011

SERENATA AO MÊS DE MAIO

Deixai Maio entrar

tranquilamente

com suas noites límpidas

e com o perfume dos cravos

e das rosas

ao luar...


Deixai Maio entrar

nos areais desertos

com o bailar da espuma

sobre as rochas

e o cheiro a maresia

pelo ar...


Deixai Maio entrar

de mansinho

espalhando pérolas de orvalho

sobre o arvoredo

deixai que os astros

os peixes e as flores

namorem em segredo


Deixai Maio entrar

para que o povo

nestas manhãs coloridas

venha para a rua sonhar

com um mundo

onde as desigualdades

foram esbatidas


Deixai entrar Maio...

Deixai-o entrar...

sexta-feira, 29 de abril de 2011

COMO EU GOSTAVA

Gostava de ir contigo ver o mar!
Sentir o vento, assim, ao nosso lado.
Aqui entre as palmeiras passear,
E, viver um amor nunca sonhado!

Gostava de ir contigo para a serra!
Com as mãos dadas subir pelos caminhos.
Adorava ver chegar a primavera,
E lá do alto olhar o céu, sozinhos!

D'ouvir, madrugada essa voz, que soava
Docemente, a embalar-me os sentidos,
De sentir-me loucamente tua escrava!

De brincar, rir, cantar! Como eu sonhava!
De viver a vida inteira sempre unidos,
Ah! meu amor,meu amor! Como eu gostava!


Hoje não se fala senão no "conto de fadas " da realeza britânica. Oxalá sejam felizes e tenham muitos meninos... Ora para celebrar o amor, publico este soneto que já recebeu um 3º prémio num concurso.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

CREPÚSCULO

A tarde apaga-se de forma vertiginosa.

Junto ao mar, perscrutando a lonjura…

num gozo de calmaria silenciosa,

entrecortado pelo vaivém das ondas

nas areias nuas…permaneço só.


Ah! Este sossego rumorejante

de águas perfumadas de sargaços…

Este azul-cinza de maré vaza,

descobrindo os segredos dos limos

nos rochedos crivados de cracas.


Ah! Este pio de gaivota leve

recortando os espaços,

abrindo as asas longas como laços.


O sol desce ternamente…em brasa.

Amante sereno ao deitar-se sem a lua,

sobre um colchão de águas mansas…

Passa uma brisa leve na tarde nua.

Cobre-se com a mantilha de medusas

a fios de oiro e prata bordada.


Ah! Esta hora mágica do crepúsculo,

que me enfeitiça e me deixa enamorada…

Praia do Funtão,8 de Agosto 2000

quarta-feira, 27 de abril de 2011

DEPENDÊNCIA

Caíste na cama

Viveste na lama


Provaste o vazio

Dormiste ao frio


Foste pelo mundo

Errante vagabundo


Bebeste nos astros

Navegaste nos mastros


Encheste as veias

Conheceste cadeias


Definhaste em solidão

Sem amigo sem irmão


Tropeçaste no inferno

Acreditaste no eterno


Fantasiaste mundos

Mergulhaste nos fundos


Desafiaste o abismo

Com rasgos de heroísmo


Viveste a teu modo

Caíste no lodo


Rio da Fonte, 7 Abril 1999



terça-feira, 26 de abril de 2011

GRANDE SENHOR

Num belo castelo
castanho e amarelo,
vivia um senhor
(rodeado de criados)
vestido de sedas e brocados.

Comia iguarias servidas
em baixela de precioso metal.
Bebia licores
em finos copos de cristal.
Não sei quantas outras
preciosidades vindas da China.
E de um pó branco
chamado cocaína.

Rio da Fonte,28 de Fevereiro 1999

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CÂNTICO DESESPERADO

Eis-me num país

por construir.

Pleno de febres hostis,

de misérias e de grandezas.

País onde sonhei Abril.


Mas…


E o fim das torpezas?

Na mais vil agonia

se encharca e se poluí

o meu país de Abril.

Talvez exista ainda

no reino da fantasia.


Eis-me junto a ti

não de todo sem o lume da esperança.


Levantar-te, erguer-te

desse lodaçal em que caíste,

recolher-te num leque

o conjunto mais perfeito.


Eis-me aqui!

Mas eu não sei guiar-te.

A quem souber

vai o grito deste peito.


Rio da Fonte, 18 de Maio de 1976

sábado, 23 de abril de 2011

PÁSCOA FLORIDA







Para os seguidores e visitantes do meu blog, os meus votos de felicidade e de uma Páscoa cheia de doçuras, para amenizar as tristezas da vida.

VIVA A MÁQUINA

O homem vive
aperfeiçoando a máquina
Sempre com o fito
de chegar mais além.

Que a máquina seja
omnipresente
omnipotente
omnisciente
como ninguém.

E há máquinas
para tudo.
Variadíssimas situações:
Resolve problemas
precisão
de saúde
de divertimento
de construção
de prazer
de comunicação.

E o homem descansa
e a máquina labora.
E o homem dá asas
à imaginação.
E a máquina dispensa-o.
E o homem desgasta-se
por falta de ocupação.

Leça da Palmeira,15 de Março 2004

sexta-feira, 22 de abril de 2011

CHUVAS DA PRIMAVERA

Por sobre a boca
do botão de rosa
Nos braços ternos do lírio
No vermelho no branco
Nas chagas trepantes em delírio
Caem
De mansinho abrem-se
os olhos petalados
Choram gotas de frescura
em todos os valados
Caem
Serenamente como num sussurro
por sobre todas e tudo
Humidamente perfumando
a rua para além do muro

FESTA

Para a Leonor Machado.

Cheiros antigos
da infância,
trazem a maceira aberta
com a massa pronta a levedar.
O odor do açafrão
e da erva-doce.
Quem trouxe este subtil
aroma para o ar?
O forno quente espera
que o imenso ventre
branco acabe de crescer.
Alinhadas, as couves galegas,
e a massa repartida
entra pela goela
ardente e rubra.
Fecha-se a bocarra
e novo odor
começa a pairar,
o das broinhas cozidas.
Quanta ternura e saudade
nesta lembrança antiga!

Rio da Fonte, 10 de Junho 2001

quinta-feira, 21 de abril de 2011

NA PRAIA DA BOA NOVA

A tarde, de cinza vestida,
Chora copiosamente.

Tão lavados, doces e salgados,
Todos os rochedos na praia
Da Boa Nova.

É tão largo o abraço de espuma
Que os envolve,
E tão meigo e sensual esse encontro
E esse beijo molhado.

Levanta-se da areia
A gaivota envergonhada
E plana rente ao farol
Altivo e mudo,
Que cego de luz
Não deu por nada.

Leça da Palmeira, 28 de Abril 2003

quarta-feira, 20 de abril de 2011

PENSAMENTOS

A escada da vida
escorre em caracol
Às vezes há patamares perfumados
Outras ... envenenados

Degrau a degrau
se tece a vida
Ora subindo...ora descendo...
quantas vezes sem corrimão

E há quedas e gritos aflitos
e há fugas
para o sótão em dias de solidão
para a cave que cheira a maçã e a mosto

E a escada da vida
se desfaz a contra-gosto
Quantas vezes abruptamente
à chegada de uma senhora de negro...
Sem rosto

terça-feira, 19 de abril de 2011

GLICÍNIAS

Esta é a época das glicínias florirem e perfumarem a atmosfera. Em anos anteriores, ao fundo do quintal era um mar azul com pinceladas violeta, mas este ano, depois de um corte fora de horas e demasiado violento, só desabrocharam uma dúzia de cachos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

ESCOLHA

Tranquei a porta do coração
e guardei-o numa redoma perfumada
com urze madressilva e giesta
E passo intocável por entre a floresta

Fechei a cadeado a boca
sedenta de ternos beijos coloridos
de verde amarelo e vermelho
E olho seminua as rugas do espelho

Tapei com as mãos os ouvidos
para não escutar vozes melodiosas
tecendo sonhos de amor
Cerrei com duas pétalas os olhos
e fiquei-me só

Quantas vezes me pergunto
(se noutra forma de vida não há estar só)
Outras tantas penso revejo imagino
A pulso traço o meu destino

Rio da Fonte,16 Outubro 1998


domingo, 17 de abril de 2011

ANGUSTIA

Vivia longe.
Distante na incerteza do hoje.
Próxima da dúvida do amanhã.
Quem dera que na quietude
serena do campo
pudesse encontrar recompensa.
Trabalhos dobrados, duros.
Morte em silêncio prematura.
Porque vida sem gozo.
Porque vida sem fim.
Porque vida sem nada.
Eis tudo.

Rio da Fonte,6 de Junho 1976

sexta-feira, 15 de abril de 2011

OBELISCO

Mar praia areal
quase deserto
e as dunas protegidas
por cordas dançando
ali tão perto
A Memória erguida
a perpetuar
o IV dos Pedros
que ali veio
desaguar
A Memória elegante
permanece em riste
como a espada
de Afonso o Conquistador
enquanto a brisa marinha
ao pôr-do-sol
embala as dunas
formosas
num sono reparador

Rio da Fonte, 25 de Junho 2003

quinta-feira, 14 de abril de 2011

NUNCA MAIS


Nunca mais te verei andando pela casa.

Nunca mais soará a tua voz aos meus ouvidos.

Nunca mais acariciarei os teus cabelos brancos.

Nunca mais! Nunca mais! Gritam meus sentidos.


Vejo incessantemente

O teu rosto sofredor.

Oiço continuamente

Os teus últimos suspiros.

E choro e reclamo e sofro e grito.

E procuro encontrar-te lá no infinito.


Rio da Fonte, 27 de Agosto 1988










quarta-feira, 13 de abril de 2011

ASSIM É O POETA

Aquele que canta a dor e a alegria
e que com a força do seu punho
irradia uma nobreza sem par,
não é príncipe, mas poeta
e tem um trono divino
e é grande o seu destino
na arte de versejar.
Nos dias enegrecidos
por tantas devastações,
no meio do charco faz a luz,
e há sempre uma fogueira de poesia
para aquecer tantos corações
famintos e nus.

Rio da Fonte ,9 de Janeiro 2005

terça-feira, 12 de abril de 2011

UMA SEREIA

Serenamente

caminhando entre a bruma

e o verde azulado das águas

transparentes

emerge da branca espuma

como uma serpente


Sob a abóbada celeste

translúcida e límpida

recortada entre algas e sargaços

estende preguiçosamente

os braços nus

e descobre

os ombros

os seios

o dorso

humedecido e de névoa envolto

mas do qual se adivinham

os traços

e o gesto solto


Amorosamente

caminhando nas areias

deixando que o sol beije

as ancas cheias

dançando entre as vagas

que refrescam a areia


Serenamente

desliza ondulante

uma sereia


Rio da Fonte, 24 de Dezembro de 1974

segunda-feira, 11 de abril de 2011

NARCISISMO

Deixa que poise
de leve a mão
no teu cabelo acetinado
e que respire o teu odor
forte a jasmim

Deixa que me veja
nos teus olhos negros
e me encante
ao ver o reflexo de mim.

Deixa que o amor
flutue sobre os nossos corpos
num toque leve e subtil
impregnado de carícias mil.

Deixa que os sons da terra
e a luz suave nos penetrem
e nos façam sonhar Abril.

Leça da Palmeira,9 de Abril 2002

ABRIL

Era o mês em que tudo sorria!
E surgia na vasta campina
Um hino de paz e harmonia.

Pássaros
Felizes dançando na brisa.
Árvores
Sorrindo e sombreando a planície.
Terra
Rica e sumarenta, de verde vestida,
Nutrida de uma imensa placenta.

Abril chegou em força
Desfraldando o verde da bandeira
Com sabor a cravos rubros
Pela terra inteira.

Rio da Fonte, 1 de Abril 2000

domingo, 10 de abril de 2011

PRIMAVERA

Formosa
Florida e quente
Chegou um pouco
Ventosa
Por vezes gritante
Outras
Maravilhosa
Encheu-se o ar
Do cântico
Colorido
Das andorinhas
Suspirava
Ansiosamente
Toda a gente
Pensando
Que não vinhas



sábado, 9 de abril de 2011

QUADRAS DE SABOR POPULAR (CONCLUSÃO)



I
Conheci uns olhos verdes,
Olhos da cor do limão.
Quanto mais me fito neles,
Mais me foge o coração.
II
Olhei teus olhos azuis,
Dum azul da cor do mar.
Não pude mais resistir,
Vivo só para te amar.
III
Os teus olhos são castanhos,
Tão meigos que eu nunca vi...
Procuro-os por toda a parte,
estou doida d' amor por ti!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

QUADRAS DE SABOR POPULAR (CONTINUAÇÃO)



Quero cantar e bailar,
E levar a vida a rir.
Temo é não achar maneira,
De te poder resistir!
II
Não deves cantar vitória,
Nem te ponhas a brincar.
Olha que a roda desanda,
Podes ficar a chorar.
III
Vieste-me falar de amor
E eu deite-te aceitação.
Agora vê lá que fazes,
Do meu pobre coração.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

QUADRAS DE SABOR POPULAR (CONTINUAÇÃO)



I
Cantamos ao desafio ,
No adro a noite inteira.
Ai coração como bates!
E bates de que maneira!
II
Se pensas que vou ficar,
Triste, só e sem um bem,
Tira daí a ideia,
Não devo nada a ninguém!
III
Eu queria que me visses,
No domingo a bailar!
Não me faltam pretendentes,
É só eu querer casar!

QUADRAS DE SABOR POPULAR

I
A cantar e a dançar
Há quem leve bem a vida.
Coração onde há amor,
Tristezas não tem guarida.
II
Brinca, brinca, como queiras,
Mostra-te bem prazenteiro,
Pode ser que o feitiço
Vá contra o feiticeiro.
III
Corre água do ribeiro,
Da nascente para a foz.
Assim corre a nossa vida,
Corre, sem pena de nós.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

REFÚGIO

Urge lavrar versos

para continuar viva

e erguer como nunca o cálice

e homenagear Minerva.

Da solidão cativa,

olho em redor e procuro

que a minha estrela de poetisa

me guie em nova vida,

repartida pelo amor à arte

e à cor das telas de Kandinsky.


Necessito de urgente lenitivo

enquanto é tempo

de viver e sonhar,

embora em catre duro,

já que ainda é possível

vislumbrar melhor futuro

embalada pelas sonatas de Stravinsky.

Leça da Palmeira,6/2/2002

CRISE

A mente guarda mistérios

insondáveis

e a racionalidade

apresenta os seus limites.

O corpo todo sofre

sensações estranhas e patéticas

e não há meio de encontrar

quem as explicite.

Até que tudo retorne aos trilhos

habituais

vão-se tempos desgastantes,

numa infinidade

de avanços e recuos

em sequências paradoxais.

Leça da Palmeira, 8/1/2002

segunda-feira, 4 de abril de 2011

DANÇA DE RODA








No jardim de Arca D'água existe um lago entre o arvoredo onde os patos brincam, nadam e se reproduzem. É tão agradável e repousante andar a pé naquele espaço da cidade!

HORA DE DESCANSO







No jardim de Arca D'água, um dos poucos da cidade do Porto que ainda não foi esventrado, os pombos deliciam-se a apanhar sol ao meio-dia. Não se intimidaram nada com a fotógrafa...

domingo, 3 de abril de 2011

ARREPIOS PRIMAVERIS






Os jarros brancos são flores muito comuns, existem por todo o lado. São simples, mas elegantes. No Brasil chamam-lhe copos de leite. Aqui vai uma foto, na qual apresento um jarro de forma algo diferente.

LARANJEIRAS DO MEU QUINTAL







Aqui estão elas carregadinhas de vitamina C !
São deliciosas, sumarentas e de "umbigo" !

sexta-feira, 1 de abril de 2011

RENASCER

Lá fora a Primavera

espreita a chuva

que rega a campina,

através da janela das nuvens.


Quem passa

sacode os cabelos

molhados ao vento.


As tintas da Primavera

tingem as roupas escorridas.


Pinga-que-pinga…

Pinga-que-pinga…


Vão-se abrindo as bocas

de todas as flores

e enlameando-se-lhes os pés.


Os pingos saltitam

de folha em folha

como uma alegre criança,

espalhando mãos cheias de esperança.

Rio da Fonte, 15 de Maio de 1999

SONHAR ABRIL

Ao chegar uma andorinha

enfeitada de viúva

serpenteando na minha rua,

sonhei num Abril

a reflorir

com lágrimas caídas dos céus,

dos olhos doces da lua.



Anda numa roda viva

rente ao chão,

anunciando a Primavera

aos roseirais.

Continuo ansiosa à espera

que este país de Abril

se cumpra por inteiro…

e nada mais!

Rio da Fonte, 25 de Abril de 2001