Zona famigerada
Completamente destruída, degradada.
Nuvens de fumo escurecem o céu,
Altos tubos vomitando chama quente.
Canos, tubos, tanques, lanternas, cisternas,
Canais e um cais e tantas coisas mais.
É proibido fumar ou foguear
Um mundo de gente
Mais parecendo cogumelos
Todos com capacetes amarelos,
Outros verdes ou vermelhos.
Teia de cores e de canos
Torcidos, retorcidos, vergados,
Emaranhados, não ao acaso, mas pensado.
Odor fedorento que desprende
O fumo sufocante.
Ar pesado, pegajoso, oleoso,
Que se sente a léguas de distância.
A noite dia parece
Na cidade incandescente,
Foco de vida ou de morte,
Dependendo de uma fuga de gás,
Tanto faz que seja cidla, buta, móbil
Ou aguarrás.
É proibido fumar ou foguear
A cada instante, por todo o lado,
Nunca é de mais lembrar.
A cidade poliglota, visçosa,
Escurecida do fumo e do petróleo,
É vivificada pela claridade vermelho-alaranjada
Da alta chama do gás e do óleo.
Com petróleo há dinheiro
- benefícios
Sem petróleo sem dinheiro
- prejuízos.
Tudo por causa do preto-óleo.
Bidões, boiões, camiões,
A verter gasolina, outros parafina
Ou a gorda petrolina.
E a cidade a abarrotar de operários,
Escriturários e administradores
E de fumo.
E em toda a parte se lê
É proibido fumar ou foguear
Nunca é de mais lembrar.
Rio da Fonte, Setembro 1974
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