Andava como um navio
bailando em maré viva,
e fitava altivo o azul
num jeito tão firme de olhar…
Por vezes mudava o cor desse fitar,
ora em azul de mar e céu
ora em cinza de tempestade.
Cresceram-lhe pestanas de musgo,
de tantas lágrimas vertidas
nas muitas despedidas.
Do sorriso vermelho,
trémulo e doce como ambrósia,
ia aspergindo um perfume
de flores do campo ligado à maresia.
Poisaram-se-lhe açucenas nos cabelos
e o vento desprendia-os em fio.
Até que o corpo em balanço
se inclinava à terra,
sulcado por sóis e por luas
e crestado no mar salgado do destino,
agora longe de sereias…seminuas.
Rio da Fonte, 1/6/2001
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