Esta noite pus-me a pensar
e pensei o impensável.
Pus os peixes com milhões de escamas
no céu a brilhar
e as estrelas mergulhadas no mar
a bailar.
Esta madrugada pensei,
continuei a pensar o impensável.
Plantei pomares de laranjeiras perfumadas
e pessegueiros floridos, no fundo do mar.
Enfeitei o céu de corais, de conchas
e de medusas delicadas e belíssimas a voar.
A lua-menina saltando à corda
embalou marés vivas,
brincou às escondidas nos parques e nas avenidas
e enfeitou as suas tranças,
com laços e margaridas.
Amanheceu e eu pensando
seriamente no impensável.
Mas o que é pensar?
É abrir os olhos para dentro
e procurar novos caminhos.
É dia claro, manhã alta
e não deixei de pensar no impensável.
Que o sol desceu à terra
e, rebolando-se entre a folhagem,
banhou-se redondo no ribeiro manso
e foi-se a luz, gelando a aragem.
E que importa que afinal tudo isto
seja pensar o impensável?
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