Como um rio pejado de luz.
Vejo-me com asas
A poisar nas estrelas.
Ah! Se ao menos eu pudesse
Agarrar a lua
Que brilha no fundo
Dos teus olhos…
Deixo-me encharcar
Na bruma dos sentidos
Na noite quente,
Enquanto lá fora a chuva canta.
Ah! se o espelho dos caminhos
Me restituísse a primavera,
Me lavasse o coração,
Me fizesse outra,
Capaz de enfrentar o corpo
Sulcado de cicatrizes
E despir a mente
Do véu de fumo antigo...
Ah! Se ao menos no regaço das pedras
Ou no coração das águas
Eu encontrasse abrigo!
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