E do espaço
Sinto pelo olfacto
O crepitar do caju
E do amendoim,
Redondo como olhos de peixe
- sobre a chapa quente -
A abrir-se para mim.
E sofro a perda
De mil sabores,
De tanto mar de cetim,
De tanta concha de mil cores
Que me fogem das mãos
E me fitam misteriosas
Com os seus olhos de flores.
Entrego-me ao sonho
Como se acariciando
A memória,
A visão longínqua
Se tornasse real.
Invento o diálogo
Perdido da adolescência.
Toco um a um os objectos:
Os que trouxe
E os que ficaram
Na casa africana.
Faço nascer os meus versos
Com um manancial de cor,
E na neblina perfumada
De festas,de rituais,
Invento a viagem
Mil vezes adiada.
Rio da Fonte, 10/6/2003
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