Na luz fria da manhã
multiplicam-se as pétalas amarelas,
almofadando os ninhos:
- Nasceu o Poeta!
- Nasceu o Poeta!
Anunciam, suspensos dos ramos,
os irrequietos passarinhos.
A quentura do sol ao meio-dia
limpa das folhas o orvalho.
Chilreiam as crianças no jardim:
- Nasceu o Poeta!
- Nasceu o Poeta!
E espalham a nova, com laivos de inocência,
numa dança de roda sem ter fim.
Meiga, aspergindo leite adoçado
com frutos silvestres,
a lua protectora espreita o casario:
- Viva o Poeta!
- Viva o Poeta!
Clamam as gaivotas sobrevoando as águas
espelhadas na foz do rio.
Eugénio de Andrade, poeta português nascido em 19/1/1923 no Fundão, morre no Porto (Foz do Douro) em 2005. Os seus poemas estão cheios de musicalidade e cada palavra é usada com o máximo rigor. Escreveu poemas curtos, com uma aparente simplicidade, mas ricos de conteúdo. É autor de uma vasta obra traduzida em várias línguas. Recebeu inúmeros prémios em Portugal e no estrangeiro.
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