Como os dias são diferentes
e as noites
as noites mais luzentes e mais quentes
no outro hemisfério
por onde vagueei só
completamente só sem amor
abrindo sulcos na carne suada
atirando ao rosto da noite
o gesto a palavra louca desesperada
Como são diferentes
Os dias nascem mais cedo
e as noites
as noites vêm sem pejo
enternecer os corações dos amantes
de verdade
as bocas que se beijam e rebeijam
as carícias que se trocam
os corpos que se enlaçam
à vontade
Como é diferente o céu estrelado
o cruzeiro do sul
e o mar azul verde e amarelado
e a música que se sente
bailar dentro da gente a compasso
desconcertado
Por entre a névoa dos anos
que passaram
e dos olhos menos firmes
que então te observaram
descortino olvido por vezes
entre a brumagem
lembro relembro hesito afiguro
o navio o navio
a viagem
Rio da Fonte, 25 de Outubro 1974
Belíssimo poema! Fiquei feliz com sua visita e comentários.
ResponderEliminarUm abraço!