Da janela do duzentos e um
observo a natureza em sobressalto.
Está tudo apanhado de cinzento.
O céu , o asfalto,
e o meu corpo por dentro.
À direita existe um bom pedaço de verde:
relva, choupos espalhados e choronas,
quatro ciprestes muito juntos a um canto,
e nos espaços abertos,
dois arbustos vestidos de branco.
Uma sebe interrompida de onde a onde
dá entrada para o jardim.
Lá fora sopra um ventinho quente a trovoada
e um cheiro morno sobe até mim.
Do parque de estacionamento
vai-se ausentando o colorido ao fim da tarde.
Apenas as riscas paralelamente
brancas no cimento.
Restam três lampiões azuis piscando ao centro.
A noite desceu arrastando-se vagarosamente.
Amanhã é o meu dia.
Tudo pronto. Penso em minha mãe.
E busco alento para mais esta cirurgia.
Hospital da Prelada, 10 de Maio de 1999
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