A noite foi descendo lavada
pela cortina de chuva persistente.
Encontro-me atada por laços de sangue
e como ave ferida no coração latejante,
busco razões para tal despautério.
Ou o mundo anda torto
envolto em lençóis de mistério,
ou sou eu que estou louca
sem conseguir entender atitudes
que me causam mágoas, a sério.
Um dilema! E um tanto inconformada
faço o que faço,
porque julgo estar certo.
Ou sigo arrastada
numa trajectória de falso conforto.
Com as veias e os ossos escaldando
e a pele em arrepios, medito.
Lavados por lágrimas de silêncio
os olhos baços,
a boca trémula engolindo estilhaços.
Faço que não oiço nem sinto,
faço que não vejo e minto.
O sol nasceu…fala-se de paz e amor.
Continuo na sombra à espera
que chegue…seja lá o que for.
Rio da Fonte, 31 de Dezembro de 2000
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